A polêmica está instaurada! Uma avalanche de críticas assola o grandioso (mas também duvidoso) projeto Internet.org, do Facebook. A princípio, a ideia parece a oitava maravilha do mundo: levar internet grátis para todo o mundo – começando pelos países com menos acesso à web. Por outro lado, o projeto mais parece um saco de pancadas; é condenado por ferir o direito à privacidade online, a liberdade de expressão e a neutralidade da rede.
O lado bonito da iniciativa seria o Internet.org fornecer aos usuários de países em desenvolvimento acesso a sites e serviços básicos, sem nenhum custo. O lado obscuro é que ao restringir o acesso a sites governamentais, ao Wikipedia e, claro, ao Facebook e parceiros homologados unicamente, o Internet.org está mais com cara de Facebook.org. E se lembrarmos que apenas um terço da população mundial tem acesso à internet, o projeto pode facilmente se tornar uma inesgotável mina de dinheiro para Zuckerberg e companhia limitada.
No meio do bombardeio, Mark Zuckerberg foi o primeiro a sair em defesa do projeto de internet gratuita do Facebook. Ele afirma que a neutralidade da rede é, sim, compatível com o Internet.org. E mais: segundo ele, a empresa não escolhe sozinha os sites que serão incluídos no projeto. O Facebook trabalha com operadoras e governos para decidir quais serviços fazem mais sentido naquela determinada realidade.
O Facebook diz que 800 milhões de pessoas em nove países já foram beneficiadas com o Interner.org. Mas, na Índia, diversas empresas desistiram de participar do projeto que, supostamente, viola a neutralidade de rede do país. Aí o Zuck disse: “Quando alguém não pode pagar por conectividade, é sempre melhor ter algum acesso do que nenhum”.
A verdade é que só quando houver mais detalhes e transparência sobre o projeto Internet.org será possível dizer com certeza se ele infringe ou não os direitos do nosso Marco Civil da Internet. Mas, antes disso, a expansão do projeto de levar internet para áreas remotas aqui no Brasil já está em plena atividade. Heliópolis, uma das maiores favelas de São Paulo, ganhou do Facebook um laboratório digital e Wi-Fi gratuito – mas com acesso restrito – como parte de um teste. Ou seja, o Internet.org, por aqui, já começou grande…
No final das contas, independente de qualquer iniciativa do Facebook, já está na hora da nossa sociedade se mobilizar e pressionar para que o governo tenha sua própria iniciativa de popularizar a internet no país. O próprio Marco Civil diz que é dever do Estado prover acesso a toda a população, sem restrição e respeitando todos os direitos adquiridos na nova lei.
Via: Olhar Digital