Artigo exclusivo do parceiro: Diário do Comércio.
Com a alta do dólar, crescem possibilidades de exportação de serviços e produtos de tecnologia da informação (TI) para o exterior. Mercado do País oferece outras vantagens, mas também enfrenta desafios.
Se o cenário econômico atual não é exatamente dos melhores, ainda é possível dizer que, como em toda crise, maus momentos também geram boas oportunidades. Empresas brasileiras que investiram na exportação de produtos e serviços, por exemplo, podem estar percebendo neste exato momento uma ampliação significativa na atratividade de suas ofertas no exterior. Isto devido à desvalorização do real frente ao dólar.
Desde o começo de 2014, a moeda brasileira perdeu cerca de 45% do valor em relação à norte-americana, subindo de R$ 2,40 para mais de R$ 3,50.
No setor de TI, os ganhos decorrentes desta desvalorização podem ser particularmente expressivos. Hoje, o Brasil investe mais do que nunca em qualificação de mão de obra especializada e, assim, nossos produtos e serviços não ficam devendo em qualidade para os indianos ou chineses, por exemplo, expoentes quando o assunto é exportação.
Temos uma dificuldade histórica de vender TI para os norte-americanos. Na língua, por exemplo. Uma pena que não tenhamos no Brasil mais gente falando inglês! O número ainda é muito menor do que deveria (e poderia), mas também temos nossas vantagens.
Estamos em um fuso horário bastante semelhante ao americano. Isso significa que é fácil para eles contatarem nossos profissionais de suporte durante o “horário comercial”, facilitando o gerenciamento de pessoal devido aos turnos concomitantes. Além disso, somos donos de uma criatividade, flexibilidade e jogo de cintura para resolver problemas bem maiores do que os indianos, por exemplo, que são muito presos a processos pré-definidos – embora mais profissionais falem a língua inglesa, herança da colonização britânica.
Tecnicamente, evoluímos muito nos últimos anos. Empresas e profissionais com certificações de classe mundial são cada vez mais comuns por aqui. O intercâmbio de profissionais brasileiros no mercado americano e o acesso entusiasta a novas tecnologias é outro ponto. Buscamos e estamos alinhados com o que acontece de novo e fazemos um investimento, cada vez maior, em treinamento, mas ainda há muito o que fazer.
Só a Índia, por exemplo, exporta aproximadamente US$ 120 bilhões em serviços de TI e BPO por ano e gera cerca de 11,7 milhões de empregos diretos e indiretos. Entidades brasileiras, por sua vez, estimam que as exportações do País, no mesmo segmento, não passem de US$ 2,5 bilhões em 2015.
Por isso, poderíamos ser um polo mundial de exportação de serviços de TI. Nossa evolução, nos últimos anos, foi razoável graças ao esforço de empresas nacionais, multinacionais e entidades setoriais na criação de políticas governamentais de exportação e na formação de mão de obra qualificada.
Artigo de Gilmar Batistela, Global CEO da Resource IT, multinacional brasileira de TI com filiais na América Latina e EUA.